Muita coisa mudou na carreira do Green Day desde a última vez em que eles tocaram em São Paulo, em 1998. Antes apenas uma banda de punk-rock divertida e irreverente, mas que vendia milhões de discos, o trio formado por Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt e Tré Cool passou por um período de queda de popularidade no final dos anos 90 e início dos anos 2000 até lançar, em 2004, o excelente álbum de rock conceitual American Idiot, vencedor do Grammy de Melhor Álbum de Rock daquele ano e que foi transformado em um musical homônimo, atualmente em cartaz na Broadway com direito até a participação relâmpago do próprio Billie Joe. Foi com o status de ser uma das mais importantes e respeitadas bandas de rock da atualidade que eles encerraram nesta madrugada, em São Paulo, sua miniturnê brasileira que promoveu o álbum 21st Century Breakdown (de 2009), que passou também por Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília.

Nas mais de três horas de show, os californianos tocaram faixas de quase todos os seus oito discos para uma animada plateia estimada em 20 mil pessoas, predominantemente adolescente. No repertório, hits mais pop da banda como "Know Your Enemy", "Holiday", "Boulevard of Broken Dreams", "Nice Guys Finish Last" e "Minority" até clássicas que marcaram a geração MTV dos anos 90 como "Basket Case", "She", "When I Come Around", "Brain Stew/Jaded" e "Stuck With Me". A banda também tocou algumas faixas menos conhecidas como "Paper Lanterns" e "2000 Light Years Away", da fase pré-Dookie, álbum de 1994 que catapultou a banda para o sucesso. Fogos e pequenos shows pirotécnicos no palco chamaram atenção e animaram os fãs.

O vocalista Billie Joe, do alto de seu 1,70m e 38 anos, é uma atração à parte. Incansável e até um pouco exagerado, se movimentou o tempo todo pelo palco, levantou várias vezes a bandeira do Brasil, declarou amor ao país ("eu odeio a América. Vou me mudar para São Paulo"), jogou água, papel higiênico e camisetas da banda para o público, usou um cocar de índio, tocou bateria, leu cartazes (em um momento Xou da Xuxa), baixou as calças, beijou fãs na boca e chamou crianças ao palco. Porém, um dos melhores momentos da noite foi quando ele convidou um fã para cantar a música "Longview". Junior, de 19 anos, mesmo errando a letra, interagiu com os músicos, se atirou no chão, pulou e se divertiu nos seus 4 minutos de fama. Como recompensa, ganhou não apenas um selinho na boca do vocalista da banda, mas também sua camiseta, guitarra e a afirmação de que "este é o melhor cantor que tivemos em toda a turnê", para delírio da plateia. Enquanto assistia ao final do show na área VIP e era cumprimentado pelos outros fãs, Junior disse que seus presentes estavam guardados no camarim da banda e que ainda não acreditava no que tinha acontecido.

O trio repetiu em São Paulo a sequência em que junta vários clássicos de outras bandas, algo que eles vêm fazendo nesta turnê. Por aqui eles tocaram no primeiro medley "Iron Man" (Black Sabbath), "Rock n' Roll" (Led Zeppelin), "Sweet Child O'Mine" (Guns n' Roses), "Highway to Hell" (AC/CD) e "Teenage Wasteland" (The Who) e no segundo "Shout" (The Isley Brothers), "Break on Through" (The Doors), "(I Can't Get No) Satisfaction" (Rolling Stones) e "Hey Jude" (The Beatles). Depois de voltar ao palco para dois bis, o Green Day encerrou o show com as clássicas baladas "Wake Me Up When September Ends" e "Good Riddance (Time of Your Life)", respectivamente dos álbuns "American Idiot" e "Nimrod".

O Green Day continua a turnê pela América Latina e passará ainda pela Argentina, Chile, Peru e Costa Rica.

Fonte: www.omelete.com.br/musica/green-day-em-sao-paulo-2010/

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